sexta-feira, 11 de dezembro de 2009


Casa da Renda


"Estamos convencidos que, desde sempre, os monges cistercienses possuíram estruturas capazes de satisfazer a arrecadação das suas rendas e foros auferidos pelos aforamentos efectuados nas suas terras da Vilariça. A localização da sede da abadia em Santa Comba, no lugar de S.Pedro, onde se situava a antiga igreja, pode indicar-nos que seria aí que se situaria a primitiva construção monástica, onde se englobavam as estruturas anexas necessárias à administração e arrecadação dos rendimentos da abadia.

A "Casa da Renda", era assim chamada por representar o local de depósito onde os rendeiros guardavam as rendas pagas por todas as pessoas pertencentes aos lugares da abadia. Esta estrutura estava incluída nos contratos de arrendamento celebrados, com lagar , celeiro e outros instrumentos necessários à aferição e arrecadação dos produtos.


A sua nova construção, agora incluída na aldeia, datada de 1740, coincide com a transferência e reedificação da igreja paroquial, o que significa uma aproximação para junto do aglomerado populacional e o abandono da velha localização. Para a sua construção, o Mosteiro despendeu 27.200 reis na compra de um leira, um palheiro, uma casa de forno, uma eira e três bocados de terra e sempre assumiu todas as despesas com as reparações e concertos efectuados do lagar."

in, Vilares, Manuel José "Abadia de S. Pedro de Santa Comba" Dissertação de Mestrado, pp.235-236, 2006, UTAD.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Eleições autárquicas 2009

Câmara Minicipal

PS - 194 votos (67,83%)

PPD/PSD - 32 votos (11,19%)

PCP-PEV -31 votos (10,84%)

CDS-PP - 6 votos (2,1%)

EM BRANCO - 19 votos (6.64%)

NULOS - 4 votos (1.4%)

Assembleia Municipal

PS - 135 votos(47,2%)
.
B.E. - 57 votos (19,93%)

PCP-PEV - 47 votos (16,43%)

PPD/PSD - 20 votos (6,99%)

CDS-PP - 12 votos (4,2%)

EM BRANCO - 10 votos (3.5%)

NULOS - 5 votos (1.75%)

Assembleia de freguesia

PS - 185 votos (64,69%) 5 - Fernando Brás; Artur Silva; Fernando Bento; Francisco Vaz; Nuno Teixeira
PCP-PEV - 46 votos (16,08%) 1 - Duarte Brás

PPD/PSD - 39 votos (13,64%) 1- Alcino Matias

EM BRANCO - 9 votos (3.15%)

NULOS - 7 votos (2.45%)

sábado, 3 de outubro de 2009

Cidadãos

Porque este é um espaço que se quer de todos nós; porque devemos ser também ser chamados à responsabilidade para lutar pela defesa da vida com qualidade e do bem-estar geral; porque pretendemos iniciativas que contribuam para a criação de uma consciência cívica; porque nos pertence o direito de participar mais activamente nas decisões da nossa comunidade; porque se nos obriga o exercício dos direitos constitucionais adquiridos; decidi colcar aqui no blog esta informação. Ou simplesmente, porque sim!



O texto que se segue vai ser editado tal e qual como o recebi.

"A partir de agora está disponível a plataforma autarquias.org. Com o autarquias.org os cidadãos podem alertar os municípios para as mais variadas situações, desde de lixos na via pública, postes de iluminação que não o funcionam, buracos na via pública, equipamento danificado, problemas nos abastecimentos, ou outros tipos de problemas, que muitas das vezes as Câmaras Municipais não tem conhecimento. Os cidadãos podem acompanhar as respostas das autarquias aos alertas apresentados por outros cidadãos, como também participarem nesses mesmos alertas adicionando comentários. O autarquias.org permite também a criação de debates por cidadãos que pretendem discutir assuntos que lhes pareçam pertinentes com outros cidadãos e com o próprio município ou questionar a autarquia sobre um assunto do interesse de todo o município., como também a abertura de petições. Participe neste projecto."

www.autarquias.org

Posto isto, ao dar uma olhadela por lá, conclui-se que é um sítio onde se pretende "transparência, participação e colaboração". Assim sendo, todos podemos participar e colaborar de forma transparente. Com um pequeno gesto, poderemos conseguir demonstrar responsabilidade no contexto social, fazendo a nossa parte, contribuindo para o crescimento do nosso colectivo.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Noite de arraial


O nosso conterrâneo piãozão enviou algumas fotos do arraial da nossa festa, para que possamos ter uma ideia da sua grandiosidade.


Ao que parece, o conjunto Triângulo, transmontano de Vimioso, não desiludiu e conseguiu aguentar-se, prolongando a festa até tarde.

Se bem que toda a gente conheça de cor e salteado o reportório do Quim Barreiros, se bem que muita gente já o tenha visto por várias vezes, o que é certo é que continua a arrastar multidões onde quer que vá.




Como aqui se pode ver, não cabia mais ninguém no largo e ao que parece, ainda compensa trazer artistas de renome, pois nesse dia o bar conseguiu um óptimo rendimento.
Este ano, a comissão de festas teve a feliz ideia de montar um outro bar junto à entrada da escola, evitando o desconforto de ter que se romper entre as pessoas para se chegar ao bar do costume.
À nova comissão, para o ano que vem, eu sugeria uma outra ideia: montar um outro bar onde costuma estar o camião dos conjuntos, pois assim apanharia ali os que vão beber aos cafés, pois, pelo que ouvi, houve cafés que não deram um "tusto" para a festa, quando é graças a ela,que nesse dia devem facturar boa maquia. É só uma ideia!


sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Bandeira de Santo António


A botelha-menina enviou-me duas fotos da procissão em que me apanhou com a bandeira do Santo António nas mãos. Já há muito que não me metia nestas andanças porque as costas já vão dando sinal de si, mas acontece que, este ano, surgiu o convite para ajudar a levar esta bandeira e como não sou pessoa de recusar, aceitei de muito bom grado.

Apesar de possuir algumas fotos das bandeiras, não sei ao certo quantas são nem que santos representam. Como a única maneira de as ver é estando armadas para a procissão, nas fotografias ficam sobrepostas porque estão encostadas umas sobre as outras. Ainda hei-de perguntar ao nosso dedicado sacristão, de certeza que saberá quais as suas imagens e talvez a sua origem, quem as tenha doado ou oferecido.

A propósito, julgo que a nossa igreja é riquíssima, não só a nível de santos, mas também bandeiras e ainda de paramentos, ou seja, as vestes com que o sacerdote celebra as missas ou outras cerimónias religiosas. Certa vez, talvez também por alturas da festa, o Alberto mostrou-nos, a mim e a outras pessoas, os antiquíssimos paramentos que repousam nos gavetões da sacristia. Por mim, até que seria interessante fazer uma exposição com todas essas vestes, para mostrar ao povo coisas que, se calhar, nunca foram vistas. É uma ideia.

No início desta descida, junto da casa da Ti Maria de Lurdes, quando com vento, temos que ser firmes e deitar-lhe bem as mãos. Para sorte minha até que estava sossegado.

Apesar da bandeira do Sagrado Coração de Jesus ser a maior, dizem que esta é a mais pesada, devido à espessura do seu tecido. Quanto a isso, não posso afirmar, mas também me parece que assim seja. Seja como for, de uma maneira ou de outra, haveremos de contribuir para que, tanto as nossas bandeiras como os andores, não fiquem na igreja por falta de quem lhe pegue. Tenho a certeza que todos nós ficavamos a perder, pois não disfrutaríamos deste magnífico desfile de tanta fé, beleza e emoção.

domingo, 13 de setembro de 2009

Procissão em honra de S. Bernardo

Apesar de sempre ter participado na procissão e de já ter levado grande parte das bandeiras e dos andores, já havia uns bons pares de anos que tinha decidido apenas percorrê-la com sentido de peregrinação, seguindo-a em silêncio, tal como deve ser feito qualquer acto com intençao de viagem interior, independentemente de devoção ou promessa. E por falar nisso, confesso que, sempre a fiz sempre cá para o fim, onde, curiosamente, as pessoas não guardam silêncio nenhum, indo todo o percurso a palrar. Mas quanto a isso, cada um deverá ser capaz de saber os motivos das suas intenções.
Curiosamente, este ano, convidaram-me para levar uma bandeira, ao que acedi de imediato sem hesitar, não tanto pela devoção ao santo em si, mas mais pela pessoa que me convidou e também para ver a procissão de outro lugar. De imediato, percebi que não disporia de tanto tempo para fotografar a procissão como desejaria, o que se veio a confirmar, pois a bandeira era pesadíssima e as pausas em que alternava com o meu parceiro, bom jeito deram para descansar e recuperar forças e não tanto para tirar fotografias. Ainda assim, lá houve tempo para fotografar alguma coisa que de interesse aqui possa aparecer.

O interior da nossa bonita igreja, pouco antes de começar a missa, com os andores primorosamente enfeitados. Tirei ainda fotografias individuais a cada um deles, onde se pode constatar que as respectivas mordomas não deixam o trabalho por mãos alheias, empenhando-se afincadamente na sua decoração, deixando-os com uma magnífica apresentação.

As acólitas, enquanto aguardam o começo da missa.

Com os andores a ocupar grande parte do espaço da igreja, as pessoas vão-se aglomerando cá fora, onde se encontram velhos amigos e conhecidos.

Como é habitual, as bandeiras pequenas são as primeiras a sair. De certeza, todos estes rapazes que começam por levar estas mais levezinhas, no futuro, com ou sem devoção, quererão mostrar parte da sua masculinidade e atrever-se-ão a levar as mais pesadas, como ritual de afirmação de passagem à idade adulta.

Não sei se conseguirei imaginar uma procissão sem banda. Há momentos em que nos dá a ideia que é o toque da banda que marca o compasso do andamento da procissão, deixando-nos embalar pela sua cadência.

No largo das Eiras, onde, quando passavamos, éramos olhados em silêncio pelos conjuntos que montavam os seus instrumentos, hoje em dia, já proliferam por ali também alguns tendeiros.


E aqui está a guarda d'honra, aprumada nas suas belas montadas.
Poderá ser considerada uma pequena extravagância, no entanto foi um pormenor que a comissão de festa fez questão de apresentar na procissão e que, no meu entender, confere alguma importância à procissão, tornando-a mais solene.
Por falar em aprumo ...

De seguida, segue-se a entrada dos andores na igreja. Escolhi este ângulo, porque me pareceu o mais adequado para captar a imponência dos nossos andores e o esforço em recolhê-los, fazendo-os regressar à igreja.

A nossa Santa Comba. Pelo que já li, esta santa tem uma história muito interessante que a muitos de nós diz respeito, mas ficará para mais tarde quando a puder apresentar com sólidas argumentações.

O S. Jorge que, talvez merecesse melhor sorte que o isolamento do Lacoeiro.

O mártir S. Sebastião.

O Menino Jesus, o qual, há já uns anos, deu um grande trambolhão, chegando-se a apregoar que o mundo ia acabar.

Nossa Senhora do Rosário

Santo António

S. Lúcio, santo do qual tenho poucas recordações.

Nossa Senhora de Fátima

S. Judas Tadeu

Sagrado Coração de Jesus

Nosso Senhor dos Passos. Aquela que, para mim, é sem sombra de dúvidas, a imagem mais bela da nossa igreja.
Nossa Senhora das Dores. Outra belíssima imagem!

S. Pedro. O nosso santo padroeiro e o primeiro Papa da Igreja.
E ei-lo, altivo e sereno, S. Bernardo, santo da maior devoção das nossas gentes, incluindo eu.

Todos os anos se fala na falta de adesão à inicitiva de levar bandeiras ou andores. Não tenho conhecimento que, algum, alguma vez, tenha ficado na igreja, e isto porque, há gentes na nossa terra que ainda lhes pega com alma.
E o final da procissão consuma-se.

Os peregrinos vão desmobilizando e as colchas nas janelas dizem-nos adeus, até p'ró ano.
A banda de música acaba em grande, destroçando em marcha e a tocar.


sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Relatório de contas da festa

Chegou-me hoje o relatório de contas da festa deste ano. Embora vá ser afixado, pareceu-me sensato editá-lo também aqui, para aqueles que estando longe o possam consultar.

Afinal os "cotas" (julgam que não se zangaram com este epíteto) até trabalharam bem!

Nota: dentro em breve serão editadas algumas fotos da procissão. No entanto, se outros conterrâneos houver que queiram editar fotos ou vídeos sobre a procissão, podem usar o endereço do blog para as enviar.

Abraço.

Obs.: Como parece haver alguma dificuldade em "perceber" a imagem, vou enviá-la em anexo para todos os contactos do blog.

domingo, 9 de agosto de 2009

Programa da festa



Cá temos nós então mais uma festa na nossa santa terrinha.

Embora dê a ideia de ser um programa curto, pelo que consta será de boa qualidade.

Desde que me conheço, não tenho ideia de alguma vez ter falhado a festa do S. Bernardo e embora não me lembre de todas elas, sei que anos houve em que a programação incluiu variadas e inúmeras actividades, desde jogos de futebol, torneios de tiro aos pratos, motocross, jogos tradicionais e se calhar ainda outras que agora me escapam. Não é que me esteja a queixar do programa deste ano, de maneira nenhuma, mas apenas a relembrar outros tempos.

A mim basta-me a ideia da própria festa em si. É sempre motivo bastante para reencontrar velhos amigos e confraternizar, recordando sempre bons e alegres momentos partilhados.

Embora não seja dos que dizem mal de quem faz, no entanto, tenho-me interrogado sobre alguns aspectos, os quais revelam somente um acto de pura curiosidade e não pretendem reflectir qualquer intenção critica de maledicência.

Sabendo que o dia da comemoração de S. Bernardo é o dia 20 de Agosto, dia da sua morte (1090-1153), no meu entender, ou se festejava nesse mesmo dia ou então no sábado seguinte, como tem sido hábito e aproveitando mais o tempo de lazer dos nossos conterrâneos.

Também não me identifico muito com a ideia de contratar grandes artistas que, com os seus escandolosos cachet's e em pouco mais de uma hora "esfolam" ali o trabalho de um ano inteiro. Apesar de ser uma tendência natural das comissões de festas, a qual se percebe pelo objectivo apelativo de público, por vezes mais não são do que concertos de música pimba em que pasmados nos pomos para lá a olhar, perdendo-se dessa forma o tão popular e divertido bailarico.

Outra coisa que, no meu entender, retira alguma alegria a uma festa é a ausência de fogo. Embora se tenha tornado interdito o lançamento de fogo de artíficio de cana, sempre haveria a possibilidade do fogo de canhão.

Por erro da gráfica, não consta no cartaz que, a procissão decorrerá com o acompanhamento de cavalos montados pela GNR. Uma novidade nesta festa e que poderá resultar num interessante pormenor.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

salta-rostos


Provavelmente já todos nós vimos destes bicharocos em nossas casas, principalmente agora no tempo do calor que é a altura em que eles mais aparecem. Antes de mais, agradeço ao nosso conterrâneo Manuel Vilares (também ele seródio) o envio das fotos, pois já tinhamos conversado sobre este assunto e daí ter surgido a ideia deste post.

A pesquisa na web, enquanto salta-rostos, não nos fornece grande informação, mas se procurarmos por osga, o seu verdadeiro nome, aí sim, ficamos a saber muito sobre este animal e algumas das suas características. E, curiosamente, ao contrário do que se pensa, a maioria das pessoas, eu inclusive, têm uma ideia errada deste útil bichinho, chegando a ter-lhe nojo e até algum receio. A minha pesquisa sobre o salta-rostos resultou nisto:

  • salta-rostos (o m.q. osga): nome científico - tarentola mauritanica; animal de tamanho moderado, atingindo em média um comprimento de 8,5 cm; aspecto aplanado, com uma grande cabeça bem destacada do corpo, olhos grandes e redondos; abundante no centro e sul do país, sendo muito rara no Norte; vive em zonas rochosas ou pedregosas, e também em zonas urbanas e rurais, onde aparece principalmente em muros, habitações velhas ou troncos apodrecidos; hiberna no tempo frio e no Verão só aparece de noite para evitar as horas de mais calor; a alimentação é feita à base de formigas, aranhas, escaravelhos, moscas e mosquitos; gosta de estar perto dos candeeiros à espera dos insectos que são atraídos pela luz; reproduz duas vezes por ano; a deposição dos ovos é feita em grupo, aparecendo no mesmo local ovos de fêmeas diferentes.

Além desta informação enciclopédica, muitas mais coisas se poderão encontrar, as quais nos ajudarão a conhecer melhor o comportamento do salta-rostos e a desmistificar as lendárias e erradas ideias que as pessoas têm dele, tais como dizer que contêm substâncias venenosas e peçonhentas (cocho) que poderão provocar irritações na pele ou até envenenar a água caso caiam dentro dos recipientes. A bem da verdade, convenhamos que o bicho nada tem de atractivo e a maior parte de nós gostamos de os ver bem longe, ou até nem os ver, mas o facto é que , os salta-rostos não são venenosos e até são muito benéficos.


Numa outra pesquisa, foi permitido saber que, José Louro, biólogo formado pela FCUL e a leccionar em Oxford, trabalha diariamente desde 1990 com répteis, esclarece que nenhuma espécie de osga (em Portugal só existem duas espécies) poderá causar qualquer problema a quem agarrar uma, pois são completamente inofensivas e são criaturas benéficas, pois eliminam, entre outros insectos, alguns prejudiciais, como os mosquitos.

Posto isto, e porque não se trata de apresentar aqui uma campanha para a preservação da espécie, mas visto não ser um animal venenoso nem perigoso, já temos motivos para não os matar, pois podem ser-nos muito úteis para eliminar outra bicharada que tanto nos incomóda. E ainda por cima estes das fotos que são nossos conterrâneos, nascidos, criados e residentes em Santa Comba.

A minha relação com os salta-rostos? Bem, já matei alguns, mas agora tenho sido mais tolerante. Lá em casa andava um, aparecia na parte de fora do vidro sempre que estava a luz de dentro acesa. Este ano ainda não o vi, mas já alguém se queixou da abundância de mosquitos (pois os putos aparecem todos picados) e atribui esse facto à ausência do salta-rostos. Não sei.

Histórias com salta-rostos? Cresci numa casa velha onde os pobres dos bichos não tinham a mínima hipótese: primeiro, eram abatidos à vassourada e depois de atordoados no chão eram esborraçados com as tenazes. Contudo, uma vez acordei com um, do tamanho do dedo mínimo, debaixo de mim. Outra vez, ao pegar num bloco, subiu-me um pelo braço acima e dei um salto eu e o bloco; e numa outra, um primo meu pegou na pressão d'ar e começou aos tiros a um dentro da sala, onde ainda hoje se podem ver as marcas dos chumbos.

Agora, porque lhe chamam salta-rostos? Sinceramente não sei! Será porque saltam para a cara das pessoas? Não tenho conhecimento disso. Se houver alguém que saiba, diga.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

outros tempos

A primeira vez que vi esta foto, não consegui identificar a pessoa, embora não tivesse andado muito longe visto que as semelhanças são por demais evidentes.

O que realmente me intrigava era o local onde fora tirada, local esse que também não consegui identificar, isto porque não consegui localizar aquele edifício na nossa aldeia.

No entanto, é lá. Se por acaso alguém quiser tentar reconhecer a senhora e identificar o local, poderemos fazer aqui um interessante exercício de memória.

Acrescento que, nas costas da foto está inscrita a data de 17-8-1957, ficando sem saber ao certo se corresponde ao momento captado.

Bons palpites.

seródio

domingo, 28 de junho de 2009

Cascata!

Alguém disse que, quando se quer a obra nasce.

Se bem que já estivesse anunciada a construção de uma cascata na Escaleirinha, a Comissão de Festas também quis, e muito bem, fazer a sua própria cascata junto do salão da Junta de Freguesia.

Sem aguentar por muito tempo a curiosidade, toca de ir ver a obra. À tarde, pela hora do café lá fomos dar uma volta e vimo-la tal como aqui se apresenta. Tendo ainda na memória as cascatas da minha infância, esperava vê-la enfeitada com caçoulos e bonecada, com alguidares cheios de água onde estariam cágados e rãs. A bem da verdade, só me lembro dos cágados, mas outros disseram que as rãs também entravam na festa. Adorei ver lá a "piteira", árvore exótica nos nossos lados mas imprescindível numa cascata.
Convencido que era obra meia feita, esperava voltar lá à noite para ver o estanderete.

À noite, sob o fraterno olhar da enorme piteira, os cacos voltavam a não lá estar.
Embora houvesse música, um fogareiro ali à mão e bebidas frescas para quem quisesse, a malta de Santa Comba continua a não dar importância a estes momentos de encontro entre pessoas. Sendo sábado, com tempo agradável e tudo o resto, valorizou-se mais a feira de S. Pedro em Macedo e a concentração motard em Mirandela. Mas tudo bem! Só lá esteve quem teve vontade de lá estar ...

... estiveram lá uns


... e outros.

Mas como alguém diria: "Caramba, mas o S. Pedro é o nosso santo padroeiro e ninguém lhe dá importância nenhuma, ao passo que o "emigrante" do S. Bernardo tem grande admiração. Tudo bem também, não discuto valores de importâncias!
O facto é que se passou ali um bom bocado, obviamente com a cascata como tema de conversa. Uns lembravam-se delas nas Eiras, outros na Barreira e quanto a mim, só me lembro de duas: uma feita no Terreiro, encostada àquelas laranjeiras do Sousa Pinto (da qual me lembro de ir á murta ao Seritche) e outra encostada à Casa Nova.
P'ró ano veremos! Mas ficou como ponto assente que não iremos deixar morrer este acontecimento.

seródio





quarta-feira, 24 de junho de 2009

Sei um ninho



Sei um ninho.

E o ninho tem um ovo.

E o ovo, redondinho,

Tem lá dentro um passarinho

Novo.



Mas escusam de me atentar:

Nem o tiro, nem o ensino.

Quero ser um bom menino

E guardar

Este segredo comigo.

E ter depois um amigo

Que faça o pino

A voar...

Miguel Torga

Quem sabe nunca esquece.

Num passeio, encontrei um ninho de melro. Foi só deitar um olho para o sítio de onde saiu a pássara. E pronto. Ele ali estava. À mão de tirar uma foto. Já devem ter crescido e voado.

seródio

domingo, 21 de junho de 2009

Que calor!

Não serão precisas muitas palavras para definir o calor que faz na nossa terra, por estas alturas, pois quem lá costuma estar sabe muito bem a recresta que por ali faz.

Para quem lá trabalha, todos sabemos o desgaste que tanto calor provoca, seja nas lides do campo, seja na construção ou noutros serviços. No caso da lavoura, não há outro remédio senão o de adaptar o tempo de trabalho ao horário de Verão, usando-se para isso a meia-jeira, aproveitando-se depois a seguir ao almoço para fazer uma sesta.

Para dizer a verdade, não me custa muito suportar o calor durante o dia, pois há sempre maneira de o combater com uma boa fresqueira e a goela bem regada. Mas durante a noite é que são elas! Uma vez que não tenho uma loja fresca, nem patim nem terraço, torna-se insuportável andar na cama às voltas sem conseguir dormir e sempre alagado em água.

Para editar este post veio-me à ideia uma descrição interessantíssima que Pinho Leal faz do clima do Vale da Vilariça em 1873 no seu Portugal Antigo e Moderno. A acreditar nas suas palavras, agora até que não nos podemos queixar muito, senão vejamos:

"Todo este valle é ardentíssimo no verão, por estar abrigado a N.-E.-e O.- e voltado para S., recebendo de chapa os raios do sol que o transformam em uma caldeira ou fornalha candente, onde tremem sesões os gatos, as gallinhas e os cães, derrete-se a solda das vasilhas de lata, destemperam-se os instrumentos de corte e estalam as pedras com calor ..."

seródio

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Houve Abril em Santa Comba!

Já lá vão todos estes anos e ainda me lembro de alguma actividade Avenida abaixo. Sei que havia entusiasmo, muita gente e vontade de estar ali.
O tanque d'Avenida sempre jorrou água com fartura e quantas foram as vezes que me enchi dela bebida naquele gritcho. Paravam por lá os ciganos e aqueles que vinham da horta e ali davam de beber à cria. E todos os outros também.
Passou o tempo, secou o gritcho e o tanque por ali ficou, com memórias de um povo antigo. Todos nós guardamos recordações desse tempo, gravadas em nós por todas as saudades que dali sentimos.
Desse tempo ou de outro, em todos lugares, hei-de sempre festejar Abril. Sem qualquer dúvida, gosto de viver este dia como aquele em que me dá mais gozo viver. Festejo alegremente todos os momentos e os lugares onde nunca estive, para dessa forma, gostar de me sentir livre. Por vezes esqueço-me do cravo. Sou livre para isso!

Viva a liberdade!
seródio

quarta-feira, 25 de março de 2009

"O CORREIO DE SANTA COMBA DE VILARIÇA"




"A pequena povoação, outrora denominada Póvoa de Além Sabor, que primeiro habitaram Romanos e depois Mouros, aí deixando, uns e outros, duradoiro testemunho de civilização, deveria alargar-se no decorrer das idades.
Terra, além do mais, formosa de natureza, mudou-lhe D. Dinis o nome para Vila Flor, ao tempo que a distinguia com um foral e a mandava guarnecer de muralhas.
Florescente até ao século XVI, vicissitudes económicas lhe advieram, mas o concelho permanece, entre os antigos da nacionalidade, e, nas últimas décadas, ganha notável alento.
A ele faz honra a feguesia de Santa Comba da Vilariça, celebrada no cancioneiro de Trás-os-Montes:

Das cidades, o Porto
das vilas, Vila Real
das aldeias, Santa Comba,
das quintas, o Carrascal!

E não é só a quadra popular ... Na margem direita da ribeira de seu nome, desdobrando-se por belíssimo vale, o enquadramento da paisagem e o donaire de seu aglomerado levou alguém a escrever que "mais parece um pormenor dum presépio de Machado de Castro".
Antiga e rica que foi, tem tradições.
Em eras idas, fora vigararia de D.Abade do Real Convento de Bouro, que pertenceu à Ordem de S. Bernardo.
Nela existem, entre moradias bem afeiçoadas, algumas que guardam o timbre dos antigos solares transmontanos, na arquitectura e na origem. A Casa Ochoa evoca um passado senhorial e mediévico com a sua chaminé de granito encimada de coruchéus.
Entre relíquias de antanho, mais ainda os dois cruzeiros, que se diz terem sido levantados no século XIII.
Nesta região se fez, em larga escala, noutro tempo, a cultura do bicho-da-seda.
Cerca de 750 habitantes em 200 fogos, agricultura farta, sobretudo na produção de azeite, muito comércio, electrificação e água potável, escolas e boas estradas são os elementos que entram no actual conjunto da povoação.
Acrescentando as condições favoráveis ao desenvolvimento da terra, os CTT inauguram hoje o Correio de Santa Comba.
É uma nova estação, pela qual todos ansiavam, tanto mais que se reputa fundamental para o progresso de uma terra um serviço de comunicações, por carta, telégrafo e telefone, eficiente e cómodo.
A criação do novo Correio foi autorizada em despacho de 24 de Julho de 1962, mas houve que aguardar o aprecimento da casa adequada.
A dificuldade solucionou-se por intermédio do conhecido Plano de Instalação e Reinstalação de Estações, o qual regulou o acordo entre a Administração-Geral e o proprietário do edifício.
Eficiência e comodidade serão exigências satisfeitas a partir de agora. A casa e o apetrechamneto da estação asseguram-nas.
Os CTT salientam a boa vontade da proprietária, senhora D. Noémia Nair Cachapuz Guerra de Sousa Pinto, que colaborou nesta realidade de manifesta impôrtância local".


Provavelmente, já muita gente terá visto este panfleto lançado aquando da inauguração dos nossos correios. Como se pode ver, os serviços culturais dos CTT, aos quais pertende o texto acima, fizera um curto, mas interessante trabalho de investigação, bastante para o tipo de cerimónia que se prentedia.
seródio