quarta-feira, 25 de março de 2009

"O CORREIO DE SANTA COMBA DE VILARIÇA"




"A pequena povoação, outrora denominada Póvoa de Além Sabor, que primeiro habitaram Romanos e depois Mouros, aí deixando, uns e outros, duradoiro testemunho de civilização, deveria alargar-se no decorrer das idades.
Terra, além do mais, formosa de natureza, mudou-lhe D. Dinis o nome para Vila Flor, ao tempo que a distinguia com um foral e a mandava guarnecer de muralhas.
Florescente até ao século XVI, vicissitudes económicas lhe advieram, mas o concelho permanece, entre os antigos da nacionalidade, e, nas últimas décadas, ganha notável alento.
A ele faz honra a feguesia de Santa Comba da Vilariça, celebrada no cancioneiro de Trás-os-Montes:

Das cidades, o Porto
das vilas, Vila Real
das aldeias, Santa Comba,
das quintas, o Carrascal!

E não é só a quadra popular ... Na margem direita da ribeira de seu nome, desdobrando-se por belíssimo vale, o enquadramento da paisagem e o donaire de seu aglomerado levou alguém a escrever que "mais parece um pormenor dum presépio de Machado de Castro".
Antiga e rica que foi, tem tradições.
Em eras idas, fora vigararia de D.Abade do Real Convento de Bouro, que pertenceu à Ordem de S. Bernardo.
Nela existem, entre moradias bem afeiçoadas, algumas que guardam o timbre dos antigos solares transmontanos, na arquitectura e na origem. A Casa Ochoa evoca um passado senhorial e mediévico com a sua chaminé de granito encimada de coruchéus.
Entre relíquias de antanho, mais ainda os dois cruzeiros, que se diz terem sido levantados no século XIII.
Nesta região se fez, em larga escala, noutro tempo, a cultura do bicho-da-seda.
Cerca de 750 habitantes em 200 fogos, agricultura farta, sobretudo na produção de azeite, muito comércio, electrificação e água potável, escolas e boas estradas são os elementos que entram no actual conjunto da povoação.
Acrescentando as condições favoráveis ao desenvolvimento da terra, os CTT inauguram hoje o Correio de Santa Comba.
É uma nova estação, pela qual todos ansiavam, tanto mais que se reputa fundamental para o progresso de uma terra um serviço de comunicações, por carta, telégrafo e telefone, eficiente e cómodo.
A criação do novo Correio foi autorizada em despacho de 24 de Julho de 1962, mas houve que aguardar o aprecimento da casa adequada.
A dificuldade solucionou-se por intermédio do conhecido Plano de Instalação e Reinstalação de Estações, o qual regulou o acordo entre a Administração-Geral e o proprietário do edifício.
Eficiência e comodidade serão exigências satisfeitas a partir de agora. A casa e o apetrechamneto da estação asseguram-nas.
Os CTT salientam a boa vontade da proprietária, senhora D. Noémia Nair Cachapuz Guerra de Sousa Pinto, que colaborou nesta realidade de manifesta impôrtância local".


Provavelmente, já muita gente terá visto este panfleto lançado aquando da inauguração dos nossos correios. Como se pode ver, os serviços culturais dos CTT, aos quais pertende o texto acima, fizera um curto, mas interessante trabalho de investigação, bastante para o tipo de cerimónia que se prentedia.
seródio