sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Todos à festa!


O nosso a.silva acaba de informar de que, amanhã, dia 4 de Outubro, estes moçoilos mirandeses "Quinteto Reis/84" actuarão no largo das Eiras por volta das 21.00 horas.

Por isso, vamos lá a proveitar estes restinhos de Verão e ouvir cantares de música tradicional portuguesa, acompanhados por uma sardinhada agendada pela Comissão de Festas da nossa terra.

E como ele próprio disse, com a boa vontade de todos, podemos reunir esforços e conseguir, cada vez mais, unir-nos em volta de projectos comuns.

Obrigado pela informação, a.silva.

Obs.: Caso o tempo não o permita, a actuação efectuar-se-á no salão da Junta de Freguesia – na Av. D. Lucinda de Oliveira.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

CHORO DA MOURA

"Há em Santa Comba da Vilariça, concelho de Vila Flor, uma fonte de água muita pura, à qual está ligada a lenda de uma moura.

Diz o povo que, há muito, muito tempo, viveu nestas terras uma princesa moura, que, quando os cristãos e os mouros deixaram de guerrear-se, sonhou em casar com um jovem cristão. Estava então tudo preparado para o casamento quando chegaram notícias de mais uma guerra entre cristãos e mouros.
O noivo teve por isso de partir para o campo de batalha, no cumprimento do seu dever. E nessa batalha acabou por morrer. Acontece que a princesa moura continuou a esperá-lo. E como o noivo nunca mais aparecia, todos os dias ela chorava lágrimas e lágrimas de saudades. E dessas lágrimas – diz o povo – nasceu uma fonte, que hoje lá continua. E os murmúrios da água a correr lembram o choro constante da moura inconsolável".

A nossa botelha-menina enviou esta lenda, ao que consta pertencente a Santa Comba. É certo e sabido que, lendas sobre mouras abundam por toda a tradição oral nas mais variadas versões.

Embora já a tenha lido algures e conheça pessoalmente quem a editou na sua tese de doutoramento, não me recordo de ter crescido com esta lenda na memória. No entanto, julgo lembrar-me de ter lido, na mesma tese, outras lendas sobre a nossa terra, das quais aqui darei conhecimento numa outra altura.

Ainda assim, se alguém tiver conhecimento de outras manifestações da nossa tradição oral, poderá também usar este espaço para as partilhar com todos os outros.

domingo, 21 de setembro de 2008

♪♪♪ ... toca a banda no coreto ... ♪♪♪

Como se poderá ler no post "(a)pára-raios", já muito se tem falado sobre o desgraçado do coreto (mono ou fungo como outros lhe chamam) quanto à sua discutível estética e funcionalidade. Contudo, o propósito deste post é aqui editar um poema deixado pelo conterrâneo R.N. que, quis fazer das palavras da amiga Patrícia Lino as palavras do coreto:

"Estou frágil. As minhas pernas estremecem

Em tons de controvérsia e as minhas asas

Caem inertes sobre minhas mãos, que parecem

Mortas, de tão traídas e magoadas.

Minha alma grita em tons de misericórdia,

E meus olhos, meio abertos, deleitados

Em lágrimas de rebeldia e discórdia,

Se fecham constantemente, fragilizados.

Meu corpo arrasta-se, fraco e amordaçado,

Pelas insónias de fragilidade que a noite lhe traz.

Isola-se, fraquejando, imune e mortificado

Do prazer que jamais o satisfaz.

Minha boca, selada e constrangida,

Silencia-se em pausas de fraqueza

E, perdida entre volumetrias de desejos,

Afunda-se em singelos sinais de tristeza (...)"

O R.N. acrescenta ainda que se podiam fazer no coreto umas sessões de poesia. E por que não? Pôr lá uns banquinhos em toda a volta, em jeitos de domus municipalis, onde os "homens bons" da aldeia se poderiam sentar em torno de assuntos de interesse. A parte de baixo, transformar-se-ia em cisterna, mas cheia de minis. Abria-se um buraco no meio e tiravam-se com uma cegonha. Digo eu, sei lá!

terça-feira, 16 de setembro de 2008

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Comissão de Festas

Conforme foi anunciado no dia da festa, já se encontra formada a comissão de festas que se propôs realizar a festa de S. Bernardo em 2009.

Os elementos que a constituem são os seguintes:
Amilcar Freire
César Silva
Manuel Barros
Manuel Vilares
Moisés Brás
Venâncio Vaz
Virgílio Teixeira

Ao que parece, esta comissão já começou a angariar fundos para a realização da festa, tendo para tal realizado um jantar aberto nas Eiras, composto por Chanfana de Cabrito ao preço de 6 euros por pessoa, com comida à discrição. O repasto foi confeccionado pela esposa do Sr. Amilcar e pelo que consta, bastante saborosa e muito elogiada.

domingo, 14 de setembro de 2008

Ainda ...

Por mais que tivesse tentado, não consegui melhorar a edição do cartaz da festa do post anterior. Assim sendo, e porque continuo a pensar que me parece muito interessante um programa de uma festa de S. Bernardo realizada há mais de 60 anos na nossa terra, vou novamente editar a mesma informação, mas agora de forma mais legível.

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GRANDES FESTEJOS EM HONRA DO

MILAGROSO S.BERNARDO

em Santa Comba da Vilariça

Nos dias 13 e 14 de Setembro de 1947

Programa
SÁBADO, 13

Ao romper da aurora, deste dia, uma salva de morteiros anunciará a festa.
Às 14 horas – Chegada da Banda de Lamas de Podence que percorrerá as ruas de Santa Comba em saudação dos seus habitantes.
Às 16 horas – Sairá da Igreja Matriz uma Magestosa e Sentimental Procissão
Acompanhada de numerosas pessoas e pela filarmónica, que percorrerá as ruas da povoação. A seguir haverá sermão proferido pelo distinto orador sagrado, Rev.mo P.e C.D.Fais.
Às 22 horas – Dar-se-á início ao arraial, modernamente iluminado a LUZ Eléctrica, em que é mestre um distinto e hábil electricista. A Banda de Música, durante a noite, fará ouvir as melhores peças do seu vasto reportório, seguindo-se nos intervalos, a transmissão de rádio por Alto-falante, até agora somente verificado nas grandes terras e importantes festividades.
Durante a noite funcionará uma rica quermesse artisticamente enfeitada com lindas prendas, havendo ainda vários divertimentops e distracções, passando toda a populaçã umas horas de máxima alegria.
Por distintas meninas desta terra será servido um Café, cujo produto reverterá em benefício de S. Bernardo. No decorrer do arraial serão lançados aos aresnumerosos foguetes pelo afamado pirotécnico de Felgar.

DOMINGO, 14

Às 13 horas – Missa cantada a grande instrumental, e pelo Rev.mo Pároco da freguesia P.E João Baptista Lopes. Subirá ao pulpito o mesmo Orador Sagrado. A seguir, sairá uma imponente Procissão, na qual se incorporarão grande número de figuras alegóricas e muitos andores ricamente ornamentados.
Às 19 horas – A Banda de Música percorrerá de novo as ruas de Santa Comba da Vilariça, dando-se como terminados os importantes festejos.

A COMISSÃO

domingo, 7 de setembro de 2008

Noutros tempos ...

Embora saiba da existência de um origininal, esta imagem é uma reprodução grosseira e apressada de um cartaz da festa do S. Bernardo de 1947. No entanto, não deixa de ser interessantísimo verificar como os nossos conterrâneos passavam na altura essas festividades. O documento de onde tirei estes dados tinha uma anotação manuscrita do nome de Albérico Freire
junto da indicação de "a transmissão de rádio por Alto-falante", o que parece, e também pelo que já ouvi , deveria ser dele o rádio, pois diz-se que foi um dos primeiros habitantes da aldeia a possuir desses aparelhos.

sábado, 30 de agosto de 2008

FESTA DE S. BERNARDO

Dia da procissão


Propositadamente, não fiz qualquer tipo de comentário durante a exposição das fotografias para que se pudesse acompanhar o seu percurso em silêncio, meditando e reflectindo, tal como eu gosto de fazer a procissão.

sábado, 28 de junho de 2008

Escola Primária de Santa Comba

Pois, foi neste interessante edifício que, muita gentinha de Santa Comba aprendeu as primeiras letras e também muita porradinha levou. No que a mim me toca, fiz a 1ª e 2ª classes na parte de cima com o professor Oliveira (Murraco) e a 3ª e a 4ª classes na parte de baixo com a Dª. Camila. Quanto à porradinha, calharam-me meia dúzia de réguadas do prof. Murraco por ter feito um "buraco" na cabeça a um colega da sala e outras tantas da Dª. Camila pelo famoso "assalto" ao pomar do seu pai na Ferradosa, num dos habituais piqueniques que na altura se faziam, aos sábados salvo o erro.
Mas foi uma alegria! Guardo recordações de toda aquela "rebanhada" espalhada por ali fora em tremendas algazarras. Ah, outra coisa que agora me lembro era de que, no Inverno, enquanto aguardavamos a espera do Murraco, teriamos que ir à "lenha" (uns gravetos que por ali se apanhavam!) para nos aquecermos. E uma coisa era certa: quem não o fizesse, não se chegava ao quente, pois o dono dos fósforos nisso, era inflexível. Bons tempos!
Para não falar nas macaquices que alguns faziam com o tubo de escape do Ford amarelo do professor. Enfim, tudo passa!

Mas interessantíssimo, é a história da nossa escola. Conforme se pode ver no frontespício foi um legado feito por aquele senhor que, até se pensa que não tivesse qualquer ligação à aldeia. Felizmente, já tive a oportunidade e o privilégio de ler o seu testamento e julgo que seria algo digno de maior relevo.


domingo, 15 de junho de 2008

Casa do Casulo




Também conhecida por Casa do Lopes, desta casa alguém me disse que se lembra de ter visto os seu sobrados cobertos de bichos da seda, os tais casulos que lhe teriam dado o nome. Talvez fosse algum local de recolha e tratamento desta actividade que, assumira importante relevo na industria manufactureira de Alfândega da Fé e de Moncorvo, principalmente nos séculos XVIII e XIX.


domingo, 8 de junho de 2008

Santa Comba - 1874


"Santa Comba - freguezia, Traz-os-Montes comarca de Mirandella, concelho de Villa Flôr, 145 kilometros ao NE de Braga, 375 ao N de Lisboa, 100 fogos.

Em 1757 tinha 68 fogos.

Orago S. Pedro, apostolo.

Arcebispado de Braga, districto administrativo de Bragança.

Era antigamente da comarca da Torre de Moncorvo, termo de Villa Flôr.

O abbade do convento de bernardos, de Santa Maria de Bouro, apresentava o vigario, a quem dava 11$600 reis e 22 alqueires de trigo.

Cada freguez lhe dava tambem 100 reis annualmente.

É terra fértil.

Grande cultura de bixo de seda, ha mais de 150 annos. Gado e caça.

Réga esta freguesia a ribeira de Villa-Riça, por isso se chama geralmente Santa Comba de Villa Rica".

in PINHO LEAL, Portugal Antigo e Moderno. Lisboa. 1874.

domingo, 1 de junho de 2008

(a)pára-raios





Por falar em trovodas ...

Nunca tinha visto tão de perto um pára-raios. Acreditem que até lhe toquei com algum receio, desconfiado de alguma carga ainda armazenada de algum raio que tivesse aparado.

Na minha meninice cheguei a pensar que o pára-raios nos protegia porque afastava o raio. Coisas de garoto. Mas não, o pára-raios também tem o nome de "captor", para que as descargas atmosféricas sejam enviadas directamente para a terra protegendo as suas imediações, evitando-se dessa maneira danos colaterais, pondo em risco as pessoas e o património.

Não sei quantos raios este aparou, mas já não deve aparar muitos mais, agora que, repousa sossegada e longamente deitado sobre o telhado da Casa do Povo. Talvez se tenha cansado de proteger o património.


Curiosidade relacionada: o pára-raios foi inventado por Benjamin Franklin em 1752. Inicialmente houve resistência das religiões porque raio era considerado fúria de Deus e o homem não podia interferir.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Santa Bárbara bendita ...

Santa Bárbara bendita
Que no céu está escrita
Com papel e água benta
Nosso senhor nos livre desta tormenta

Santa Bárbara se vestiu e se calçou
Ao caminho se deitou
Jesus Cristo a encontrou e lhe perguntou:
- Onde vais Bárbara?
- Vou a Jerusalém, arramar esta trovoada
Onde não haja pão nem vinho
Nem flor de rosmaninho

Não é que a saiba de cor, mas cada vez que ouço trovoar, vem-me sempre à ideia esta ladaínha que minha avó desfiava repetidamente enquanto os trovões esterrincavam por cima de nós e eu sem saber onde me meter. Já não tenho ideia se o cheguei a fazer ou de a minha avó o dizer que, metendo-nos debaixo daqueles grossos e ásperos cobertores de lã ficavamos mais protegidos.

Agora pior pior, era quando, repentina e desprevenidamente, a trovoada me apanhava em pleno campo, numa ida aos espargos ou à passarada. Isso sim! Até chegar a casa era um autêntico martírio!

(Quem crê que há Santa Bárbara, julgará que ela é gente e visível, ou que julgará dela?)

Alberto Caeiro

domingo, 25 de maio de 2008

Os cruzeiros de Santa Comba

Cruzeiro d'Avenida

Cruzeiro do Santo Cristo


Cuzeiro do Calvário

"Existem nesta freguesia dois preciosos cruzeiros com inscrições paleográficas, ao que parece do século XIII. A inscrição que existe no fuste do primeiro, parece querer dizer: Esta cruz mandou fazer José Esteves e seu filho António Roiz. Tem mais a segunte indicação: Mudado em MDCCXI. A inscrição do segundo parece dizer: Esta obra fez Afonso Lopes e seu filho. Parece que as referidas inscrições revelam trabalhos paleográficos de alto valor, que documentam amplamente a perícia artística dos calígrafos bragançanos. À entrada da povoação fica um terceiro cruzeiro, muito mais recente."

AZEVEDO, Correia de. Património Artístico da Região Duriense.1992.

Sobre este assunto, muito mais haverá a dizer e talvez a esclarecer. Nos últimos tempos, falou-se sobre a questão de algum deles ter sido pelourinho ou não, pelo que lhe foi retirado esse estatuto. Deixaremos para mais tarde. Há mais dias do que tchouriças!