segunda-feira, 30 de maio de 2011

Santa Comba da Vilariça - 1706



Lugares que tocão à Abbadia dos Frades Bernardos do Convento de Bouro

Termo de Villa Flor

Santa Comba he cabeça de huma Abbadia de sete Igrejas sitas no termo de Villa Flor & da Villa de Alfandega da Fé, cujos dizimos pertencem aos Religiosos de S. Bernardo do Real Convento do Bouro na Provincia do Minho, que rende setecentos & cincoenta mil reis cada anno; constão os frutos dellas de muito azeite, bastante paõ, algum vinho & linhos: este lugar he Vigayraria confirmada da apresentaçaõ do Dom Abbade do mesmo Convento, tem cento & doze visinhos, & demais da Igreja Parochial tem quatro Ermidas, & quatro fontes: recolhe muito azeite.

Bemlhevay tem setenta visinhos, Igreja Parochial da mesma apresentaçaõ, mais três Ermidas, & oito fontes: he lugar fresco e abundante de aguas.

Trindade tem oito visinhos, Igreja Parochial da mesma apresentaçaõ, nenhuma Ermida, & huma fonte; a Igreja he sumptuosa, dizem fora dos Templarios: a metade deste lugar quanto à juridição secular he termo da Villa de Mirandella.

Valbom tem trinta visinhos, huma hermida, & duas fontes: recolhe muito azeite.

Macedo tem vinte visinhos, duas Ermidas, & duas fontes, & hum ribeiro, que rega todo o lugar; junto a elle está huma serra toda cavada, & e furada; & he tradiçaõ, que antigamente houve ahi minas, naõ se sabe de que metal, & se presume serem as que prohibe a Ordenação de Trás os Montes.

P. António Carvalho da Costa, Corografia Portuguesa, 1706

Nota: De todos os apontamentos corográficos recolhidos até ao momento, este é sem dúvida o mais antigo. Já que estamos em tempos de transição ortográfica, o texto encontra-se tal e qual o original para assim também podermos apreciar modos de escrita com trezentos anos. Nesta altura ainda não se utilizava a letra "s" com a forma de hoje, era mais uma espécie de "f".

domingo, 22 de maio de 2011

Almoço dos caçadores

Se não me engano, há já três anos que a associação de caçadores organiza este almoço, que pretende não só presentear todos os seus sócios e outros caçadores, mas também todos os proprietários pertencentes à zona de caça, compreendida nos termos de Assares, Lodões e Santa Comba.

Não me lembro se foi assim nos anos anteriores, mas este ano, a associação escolheu o último dia de caça ao tordo (20 de Janeiro) para realizar esta actividade, tentando desta forma abranger o maior número de caçadores, o que se torna uma magnífica ideia.

Sendo o motivo que é, e sendo realizada precisamente para esse fim, é óbvio que a ementa teria que ser constituída à base de caça, se bem que também se assaram umas febras e alguma carne entremeada para quem não aprecia carne de javali.
Melhor dizendo, de javalis. Tendo em conta o número de participantes, foi precisa carne de duas presas para que não houvessem falhas. E não houve.

Como se pode ver, a carne foi confeccionada naqueles magníficos potes que já raramente se vão utilizando, mas que para este tipo de eventos não há coisa melhor.

Portando-se como um verdadeiro ajudante de cozinheiro, o zelo do nosso conterrâneo Jacinto foi imprescindível para que tudo corresse às mil maravilhas.

Sendo a carne que é, de características muito intensas, a sua confecção requer alguma habilidade e paladar apurado. O nosso cozinheiro-mor, o Paulo Vilares, lá se encarrega de não se esquecer de trazer os ingredientes, entre os quais algumas ervas aromáticas dos nossos montes e também bebidas alcoólicas para tornar a carne mais macia. O resultado revelou-se excelente.
Enquanto uns se ocuparam das carnes, outros atiraram-se às batatas, que depois de cozidas tornam-se o melhor acompanhamento para este "gaspacho". E como se pode ver, por todos não custa nada. A mim, mais o "Parrilha", tocou-nos o descasque dos alhos e das cebolas e depois a assadura das outras carnes.
Quando se aproximou a hora do almoço, o pessoal lá se foi juntando, ansioso por participar neste alegre acontecimento. Enquanto se esperava, ia rodando um garrafão com um bom Porto, para abrir os apetites. Embora haja mulheres de caçadores que participam também nestes eventos, neste dia são poupadas ao trabalho, ficando tudo por conta dos homens.
Pronta a paparoca, toca lá a sentar para saborear o almoço em alegre comunhão.
O salão estava cheio com practicamente todos os lugares ocupados.

E toda a gente foi muito bem servida por estes dois caçadores!

Para evitar andar com travessas pelas mesas, cada pessoa, retirava um prato à entrada, e ao passar por aqui era-lhes servida a carne e as batatas. Foi muito boa ideia. Havia ainda outros dois servidores do outro lado, mas não me recordo agora quem era e na altura da fotografia também já não estavam lá.
Por conversas que se foram ouvindo, mais uma vez este acontecimento foi um sucesso. Ouvi muita gente gabar a comida e também muita gente de fora, elogiar a organização do evento assim como as magníficas instalações de que dispomos para a sua realização.
Pelo que vou constatando e pelo que muita gente diz, as pessoas de Santa Comba parecem ser as que menos aderem a estes acontecimentos. Nota-se a falta de alguns caçadores e também de muita gente da aldeia que, com todo o direito poderia participar. O almoço é divulgado em edital e só não vai quem não quer. Mas como bem diz o povo, só fizeram falta os que lá estiveram.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

A bem da verdade, nunca fui, nem sou, muito ligado ao futebol.

Lembro-me da forma como se formavam as equipas, em que os "capitães" escolhiam os seus jogadores de entre os elementos que se encontravam encostados à parede e dos quais, eu era dos últimos a ser escolhiho, tal era a habilidade.

Contudo, e se é de futebol que estamos a falar, da equipa da nossa aldeia guardo ainda algumas recordações. Não sei ao certo se as irei mencionar por ordem cronológica, nem se a equipa da nossa terra estaria já constituída como clube, mas o que é certo é que ainda me recordo bem.

Lembro-me de ir a pé a Benlhevai; de ir à Eucísia no "machibombo" do Estica; a Roios na carrinha do Zé Conde; à Freixeda de autocarro e já mais tarde de ir ver jogos do nosso clube a Bragança, Morais e Miranda do Douro, além de inúmeros jogos em casa.

Lembro-me também que o futebol era um acontecimento que fazia vibrar as populações locais, quer pelo seu entusiasmo quer pelo clubismo que contagiava a região em redor.

Sei que a nossa terra conseguiu "parir" boas mãos cheias de jogadores, que pelo amor à camisola tudo davam para dignificar a sua origem. (Era giro editar aqui fotografias da nossa equipa, não era?Pois era!)

Já agora, lembro-me também que, antes de haver o campo novo, ainda se jogava (entre os da terra) no Campo da Rasa e no Pinheiro. No Sairinho, não estou bem certo, mas quase que me atrevia a dizer que me ainda me lembro também. Mas não afirmo.

Agora, o que afirmo, é que ouvi dizer, que aquando da extinção do nosso clube, houve quem tivesse a coragem de "deixar por lá" toda a sua logística, desde a carrinha, às bolas e ao equipamento. Tudo abandonado em qualquer barranca! Nem quis acreditar.

Como é que isso foi possível? Como é que alguém conseguiu destruir e abandonar um projecto que era de todos nós e que tantas boas emoções nos proporcionou?

Simplesmente lamentável! Para não dizer vergonhoso.

Nota: Último logótipo utilizado pelo clube, com alterações ao logótipo original.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

ESTATUTOS

ARTIGO 1.º

O Grupo Desportivo e Cultural de Santa Comba da Vilariça tem por fim a promoção cultural dos seus associados e de toda a população local, e a sua sede é na freguesia de Santa Comba da Vilariça, concelho de Vila Flor.

ARTIGO 2.º

Podem associar-se todos os indivíduos que preencham os requisitos de admissão constantes do regulamento interno; os associados podem exonerar-se a todo o momento, desde que liquidem as suas dívidas com a colectividade até à data da exoneração; só podem ser excluídos por falta grave apreciada pela direcção e após ratificação pela primeira reunião da assembleia geral.

ARTIGO 3.º

São órgãos do Grupo Desportivo e Cultural de Santa Comba da Vilariça a assembleia geral, a direcção e o conselho fiscal.

ARTIGO 4.º

A competência e a forma de funcionamento da assembleia geral são as prescritas das disposições legais aplicáveis, nomeadamente os artigos 170.º e 173.º do Código Civíl.

A mesa da assembleia geral é composta de três associados, competindo-lhes convocar e dirigir as assembleias gerais e redigir as actas correspondentes.

ARTIGO 5.º

A direcção é composta por dez associados e compete-lhe a gerência social, financeira, administrativa e disciplinar devendo reunir, pelo menos, uma vez por mês.

ARTIGO 6.º

O conselho fiscal é composto por três associados e compete-lhe fiscalizar os actos administrativos e financeiros da direcção e verificar as suas contas e relatórios e dar o seu parecer sobre os mesmos. O conselho fiscal reunirá pelo menos uma vez em cada trimestre.

ARTIGO 7.º

No que estes estatutos sejam omissos rege o regulamento geral interno, cuja aprovação e alteração são da competência da assembleia geral.

Está conforme o original.

Cartório Notarial de Vila Flor, 18 de Novembro de 1980. - A Ajudante, Lília da Conceição Fonseca.

Diário da República III Série-N.º6-8-1-1981

Nota: Logótipo do Grupo Desportivo e Cultural de Santa Comba da Vilariça ( do mesmo autor).

sábado, 7 de maio de 2011

GRUPO DESPORTIVO E CULTURAL

DE SANTA COMBA DA VILARIÇA


"Certifico que, por escritura datada de 13 de Novembro do ano em curso, lavrada no Cartório Notarial de Vila Flor, a cargo da licenciada Maria Filomena Donas Boto Saraiva de Aguiar Pinto Ferreira, e exarada de fl. 77 v.º a fl. 81 do livro de notas para escrituras diversas nº 33-B, Manuel António Freire Vilares, casado, natural da freguesia de Santa Comba da Vilariça, concelho de Vila Flor, e aí residente, Amândio Júlio Freire, casado, natural da freguesia de Santa Comba da Vilariça, concelho de Vila Flor, e aí residente habitualmente, Manuel António Vilares, casado, natural da freguesia de Santa Comba da Vilariça, concelho de Vila Flor, e aí residente habitualmente, Acácio dos Santos Soeiro, casado, natural da freguesia de Valverde, concelho de Alfândega da Fé, e residente habitualmente na freguesia de Santa Comba da Vilariça, concelho de Vila Flor, Francisco José Teixeira Silva, casado, natural da freguesia de Santa Comba da Vilariça, concelho de Vila Flor, e aí residente habitualmente, José Joaquim Pires, casado, natural da freguesia de Santa comba da Vilariça, concelho de Vila Flor, e aí residente habitualmente, Hernãni Joaquim Vilares Teixeira, solteiro, maior, natural da freguesia de Santa Comba da Vilariça, concelho de Vila Flor, José Manuel Vilares Teixeira, casado, natural da freguesia de Santa Comba da Vilariça, concelho de Vila Flor, e aí residente habitualmente, José Augusto Cristóvão Diogo, casado, natural e residente na freguesia de Santa Comba da Vilariça, concelho de Vila Flor, e Paulo Augusto Padrão, casado, natural da freguesia de Vilarelhos, concelho de Alfândega da Fé, e residente habitualmente na freguesia de Santa Comba da Vilariça, concelho de Vila Flor, constituíram entre si uma associação denominada Grupo Desportivo e Cultural de Santa Comba da Vilariça, que se regerá pelos seguintes estatutos: "
(continua)

Projecto da maquete original enviado pelo próprio autor - Manuel Freire Vilares