domingo, 21 de novembro de 2010

Procissão do S. Bernardo
Cá temos nós a procissão deste ano. Tardou mas veio.
A mesma procissão, vista sempre pelo mesmo olhar, pode ocasionar a repetição de ideias ou sentimentos. Quanto a isso teremos que ter paciência. Vi por lá mais máquinas a disparar e por isso, fico sempre na esperança que alguém envie os seus registos. Como ninguém envia nada, lá teremos que nos sujeitar ao que há e como tal, também não se aceitam reclamações.
Já se deve ter falado da beleza dos nossos andores e dos nossos estandartes, do empenho e bom gosto das respectivas mordomas, mas cada ano é sempre visto de maneira diferente, quer pela maneira do olhar quer pelo percurso que o tempo nos obriga a percorrer.
Ainda assim dá-me imenso prazer fotografar a nossa procissão. Embora perca o gosto de, à minha maneira, celebrar o acto do seu significado, compensa a satisfação de captar esses momentos e partilhá-los com quem também os aprecia. Vamos lá ver o que deste ano se recolheu.

Bem, para começar, e a bem da verdade, até fiquei um pouco aflito ao ver o adro tão vazio. É certo que nesse dia o espaço dentro da igreja é sobremaneira ocupado pelos andores. Também é certo que nesse dia, há algumas pessoas acometidas de um acesso súbito de fé e querem sempre marcar presença. Porém, prefiro um adro silenciosamente vazio do que magotes de palradores que não atendem ao respeito da celebração em curso.

As bandeirolas que todos os anos servem param engalanar o campanário da nossa igreja. Não sei se haverá alguma simbologia relativa às suas cores, mas pelo que parece a sua ordem parece ser aleatória.

As bandeiras mais pequenas são as primeiras a sair pelas mãos dos nossos conterrâneos mais novos. No meu tempo, não me lembra de haver tantas destas bandeiras, e tenho ideia de que a primeira, era uma bandeira branca com cabo metálico, o qual se pegava na diagonal.

Mais tarde, estas serão as bandeiras a que os mais novos "botarão" as mãos, para mostrarem a sua masculinidade e perpetuar o seu desfilar na procissão.

Obviamente que não se pode ficar indiferente à carga simbólica de tamanha devoção. E, assim como eu, também outros conterrâneos se deixam levar pelas emoções e tornam-se incapazes de esconder tão indisfarçavel sentimento.

Para não faltar à procissão, todos os anos, S. Jorge lá se põe a trote do Lacoeiro. E ainda bem que vem!
S. Judas Tadeu, protector daqueles em situações desesperadas. Nos dias que correm, bem precisamos de lhe ir fazendo devotamente umas oraçõezitas.

O eterno e bonito Menino Jeusus.

S. Sebastião, tornou-se mártir pelas setas que o trespassaram, quando o julgaram como um traidor do exército romano. Soldado, e também cristão, acusaram-no de ser demasiado brando para com outros cristãos. Um andor muito bonito.

Só o Sagrado Coração de Jesus parece encher o adro.

Sob o olhar atento do nosso esmerado sacristão, desfila o Nosso Senhor dos Passos. Pela sua sentida beleza! Por curiosidade, noutras fotografias desta imagem, procurei encontrar uma expressão tão sofrida como esta, mas sem sucesso nenhum. Definitivamente, das imagens mais bonitas que conheço.

Curiosamente, é uma santa com muitos nomes, mas e também pela sua expressão, nenhum lhe assenta tão bem como Nossa senhora das Dores. Belíssima!

Doutor da Igreja, a quem se lhe presta tamanha honra: Bernardo de Claraval . De uma personalidade admirável e fascinante. Esplendoroso!

Pallium - símbolo de jurisdição eclesiástica, expressa a unidade com o sucessor de Pedro.

Que não haja dinheiro para outras coisas, mas uma procissão sem banda ... Nem consigo imaginar!

Santa Comba, aquela que nas próprias palavras da mordoma este ano estava "imponente"!

Ao chegar ao cimo do Cais, um merecido descanso para Santo António.

Imaculadamente branca, segue-se-lhe Nossa Senhora de Fátima.

Para que a tradição seja aquilo que sempre foi, as colchas nas janelas fazem reverência à passagem da procissão e de S. Lúcio. Dá-me ideia que já são poucas as que se vêem, ainda assim não deixam de me suscitar grande curiosidade quanto ao seu significado.

Nossa Senhora do Rosário, inserida numa das melhores perspectivas que se pode ter da procissão, quanto a mim. Neste ponto, pode ver-se a procissão "escorrer" lentamente Rua do Emigrante abaixo.
Perdoe-se-me a insistência, mas não consegui resistir a este olhar que, ternamente, nos parece dirigido.
O nosso santo padroeiro, o qual, inexplicavelmente, continua a não ser festejado como deveria. Penso eu!
Terminada a procissão, os santos vão-se recolhendo até para o ano que vem. Se todos eles quiserem!
Sob o olhar desatento de outro fotógrafo, a banda em andamento dá por encerrada a procissão.