domingo, 21 de junho de 2009

Que calor!

Não serão precisas muitas palavras para definir o calor que faz na nossa terra, por estas alturas, pois quem lá costuma estar sabe muito bem a recresta que por ali faz.

Para quem lá trabalha, todos sabemos o desgaste que tanto calor provoca, seja nas lides do campo, seja na construção ou noutros serviços. No caso da lavoura, não há outro remédio senão o de adaptar o tempo de trabalho ao horário de Verão, usando-se para isso a meia-jeira, aproveitando-se depois a seguir ao almoço para fazer uma sesta.

Para dizer a verdade, não me custa muito suportar o calor durante o dia, pois há sempre maneira de o combater com uma boa fresqueira e a goela bem regada. Mas durante a noite é que são elas! Uma vez que não tenho uma loja fresca, nem patim nem terraço, torna-se insuportável andar na cama às voltas sem conseguir dormir e sempre alagado em água.

Para editar este post veio-me à ideia uma descrição interessantíssima que Pinho Leal faz do clima do Vale da Vilariça em 1873 no seu Portugal Antigo e Moderno. A acreditar nas suas palavras, agora até que não nos podemos queixar muito, senão vejamos:

"Todo este valle é ardentíssimo no verão, por estar abrigado a N.-E.-e O.- e voltado para S., recebendo de chapa os raios do sol que o transformam em uma caldeira ou fornalha candente, onde tremem sesões os gatos, as gallinhas e os cães, derrete-se a solda das vasilhas de lata, destemperam-se os instrumentos de corte e estalam as pedras com calor ..."

seródio

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