sexta-feira, 10 de junho de 2011

Falha da Vilariça



Ao que parece, a nossa terra assenta precisamente na falha de Manteigas-Vilariça-Bragança, uma das grandes estruturas tectónicas do NE de Portugal, com um comprimento aproximado de 220 Km. Apesar de ser uma falha relativamente estável, deve tornar-se preocupante, uma vez que é no segmento da Vilariça que a falha atinge o valor máximo de 9 km de desligamento.
O nosso país situa-se numa zona de risco sísmico moderado, mas como sabemos que as placas estão interligadas e em movimento constante, a tensão libertada rapidamente passa de um ponto para o outro do território, até do globo, não se sabendo muito bem onde poderá despoletar.
"Um sismo é um fenómeno natural, resultante de uma rotura mais ou menos violenta da crosta terrestre, à qual corresponde a libertação de uma grande quantidade de energia e de vibrações, em toda a zona circundante. Na maior parte dos casos, o abalo deve-se ao movimento ao longo das falhas geológicas existentes entre as diferentes placas tectónicas, que constituem a região superficial da Terra".
Assim, só nos resta conviver com a ideia de que há uma falha tectónica que se encontra debaixo dos nossos pés. E caso se verifique um fenómeno sismíco de grande amplitude, não haverá previsão que nos valha. O último sismo com origem na falha da Vilariça ocorreu em 19 de Março de 1858 que destruiu a vila de Moncorvo e causou muitos danos nas aldeias vizinhas.

Agora o que eu não percebo é que, tendo todo este conhecimento presente, se tenham construído barragens em cima da falha e o próprio traçado do IP 2 assentar também ele ao longo da sua extensão. Ele há coisas!


Nota: Citação e imagem da revista Visão nº950 - 19 a 25 de maio de 2011. Outra informação foi retirada avulso da net.

3 comentários:

Levi "Strauss" disse...

Relativamente à construção da Barragem, a EDP encomendou um estudo de impacto ambiental no qual está referido um SMC (Sismo Máximo Credível) de 6.5 da escala de richter(embora nunca tenha apresentado de forma tangivel esse tal estudo). Agora relativamente ao IP e já agora IC, suponha que também tenha havido essa preocupação.Mas, e aí sim temos de pesar bem as palavras, se estivessemos à espera dos referidos estudos e demais análises, ficávamos à mercé de bur(r)ocracia, interesses, e má vontades. Por mim tanto dá andar de metro em lisboa, como tomar banho ao pé dos capelinhos, como viver neste vale (que é uma zona sismica intraplacas, ou seja de risco moderado/baixo, tendo em conta registos, estudos e outras considerações). Desta vez houve coragem política em avançar com projectos para uma das zonas mais depremidas do país, por isso, regogizo. E saber que posso ter uma conducção pacata com uma dose de adrenalina, até me faz bem!
abraço conterrâneo.

manel zé disse...

Ó Levi "Strauss" que tristes trópicos os nossos ...

Eu também troco as vantagens do desenvolvimento da nossa região pelo receio que a falha nos possa. É inegável o seu contributo para o progresso do vale ... e o jeitão que isso me vai dar, já vão ser menos os km's que daí me separam.
Agora o que me parece inegável é que a construção desses estruturas foi efectuada com conhecimento prévio das especificidades do local. Convém não esquecer que a falha da Vilariça é um estrutura activa e que provoca alguma sismicidade significativa. E apesar da sua estabilidade relativa não significa que não possa ser influenciada por qualquer abalo que se verifique numa qualquer parte do globo.Convém não esquecer também que ainda há um défice de conhecimento da actividades sismogénica dessa falha. O sismo verificado em Lorca, foi um sismo moderado de magnitude 5,1 Mw e viste os estragos que causou. E ao que parece, a falha que esteve na sua origem é da mesma classe da falha da Vilariça.
É sabido que muitos dos estudos "encomendados" às vezes só servem para acelerar, justificar e consolidar a execução dos projectos. Não que eu seja contra a construção das barragens nem dos itenerários, só acho que deveria haver mais rigor na tomada de decisões.
A barragem de Santa Justa é imprescindível para o regadio do Vale, mas e se aquilo se desmorona? Leva consigo a aldeia pelo vale abaixo. Provavelmente pode nunca vir a acontecer, mas se acontecer as pessoas tinham conhecimento e consciência disso. O problema será depois assumir as responsabilidades. Mas haja progresso e que os pessimismos se mantenham lá bem quietinhos ... eles e a falha

abraço conterrâeneo, sem falhas

manel zé disse...

Porque, inexplicavelmente, deixei de poder editar novas mensagens no blog e sabendo da reportagem da Antena 1 sobre a Vilariça "Oásis de Trás-os-Montes" onde participam os nossos conterrâneos Moisés Brás, Gil Freixo, Fernando Brás e Fernado Barros, deixo aqui a hiperligação, onde se pode ouvir a reportagem na íntegra:

http://www.rtp.pt/blogs/programas/estesabado/?k=Oasis-de-Tras-os-Montes-reportagem-de-Eduarda-Freitas.rtp&post=16374