Como se poderá ler no post "(a)pára-raios", já muito se tem falado sobre o desgraçado do coreto (mono ou fungo como outros lhe chamam) quanto à sua discutível estética e funcionalidade. Contudo, o propósito deste post é aqui editar um poema deixado pelo conterrâneo R.N. que, quis fazer das palavras da amiga Patrícia Lino as palavras do coreto:
"Estou frágil. As minhas pernas estremecem
Em tons de controvérsia e as minhas asas
Caem inertes sobre minhas mãos, que parecem
Mortas, de tão traídas e magoadas.
Minha alma grita em tons de misericórdia,
E meus olhos, meio abertos, deleitados
Em lágrimas de rebeldia e discórdia,
Se fecham constantemente, fragilizados.
Meu corpo arrasta-se, fraco e amordaçado,
Pelas insónias de fragilidade que a noite lhe traz.
Isola-se, fraquejando, imune e mortificado
Do prazer que jamais o satisfaz.
Minha boca, selada e constrangida,
Silencia-se em pausas de fraqueza
E, perdida entre volumetrias de desejos,
Afunda-se em singelos sinais de tristeza (...)"
O R.N. acrescenta ainda que se podiam fazer no coreto umas sessões de poesia. E por que não? Pôr lá uns banquinhos em toda a volta, em jeitos de domus municipalis, onde os "homens bons" da aldeia se poderiam sentar em torno de assuntos de interesse. A parte de baixo, transformar-se-ia em cisterna, mas cheia de minis. Abria-se um buraco no meio e tiravam-se com uma cegonha. Digo eu, sei lá!
5 comentários:
Belo texto,de facto... soa-me a "uma crónica de morte anunciada". devo reconhecer,monge, que conseguiste o ângulo que mais o favorece( o devo dizer que menos o deprecia).
R.N. e botelha menina,o exercio de declamação de poesia,é, no seu ámago um expectáculo intimista e interventivo,necessitando para tal condições técnicas. o trabalho de encenação( porque a poesia tb se encena),leva sempre em conta "a clareza do canal",ou seja faz com que a mensagem passe sem "ruido"...
no pinguim,rua do belomonte PORTO,a poesia é declamada à mais de duas décadas,e,no meu tempo de tripeiro não existia palco,nem palanque.
em samora correia,com a companhia de teatro de santarém,actuamos para 50 miudos sem palco... e funcionou, tornou-se mais interactivo(graças à proximidade)!
perto da praça da batalha(numa républica)o CASTRO CALDAS disse aquele belo poema"porque amanhã é sabado" passeando pelo meio da assistencia... como vêm a poesia é libre,mas a comunicação obedece a determinadas regras...
ainda sobre o fungo:tive uma ideia que não inclua a total destruição, mas, como sei que tanto a casa do povo como o largo, vão passar por uma possível remodelação,há que opinar com quem manda antes de emitir qualquer bitaite.
Sim duarte...estou de acordo.
Mas tambem foi so uma ideia.
Visto que o coreto não tem qualquer funcionalidade...
Pode não ter as melhores condições para recitar poesia, mas penso que daria para adaptar, e conseguir um resultado engraçado.Não sei!
Ja agora se alguem gostou da poesia da Patricia Lino ficam aqui uns links sobre o trabalho dela e o livro que ela já escreveu.
http://www.umdesenhodoisdesenhos.blogspot.com/
http://www.retratos-de-monologo-a-dois.blogspot.com/
http://www.aalatriste.blogspot.com/
Fica a ideia, e a promessa de que se convidada a patricia virá(de novo) á nossa terra com muito gosto(segundo ela)
RN
está um monte de paralelos em frente ao cemitério.será para tapar o futuro buraco que o coreto vai deixar?!eh!eh!
duarte com mau feitio
Caro Duarte...
o perito em teatro e afins,da familia és tu por isso, mete as maozinhas à obra e aproveita a ideia da prima sim?
ainda estou para ver o duarte ha mistura c lendas e coreto :P
pensa nisto... :)
ola botelha-menina.
aqui já se sente o cheiro a geada.
quanto a por as mãos à obra , não te preocupes pequena que pelo menos um projecto para esta terra já existe... claro que conto com a COLABORAÇÃO de todos.
mais projectos ainda estão para vir(ainda hoje tive a falar com um amigo meu sobre aulas de música-solfégio,etc),tudo vai depender do futuro,e mais não digo.
um beijinho e muita camaradagem.
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