sábado, 28 de junho de 2008

Escola Primária de Santa Comba

Pois, foi neste interessante edifício que, muita gentinha de Santa Comba aprendeu as primeiras letras e também muita porradinha levou. No que a mim me toca, fiz a 1ª e 2ª classes na parte de cima com o professor Oliveira (Murraco) e a 3ª e a 4ª classes na parte de baixo com a Dª. Camila. Quanto à porradinha, calharam-me meia dúzia de réguadas do prof. Murraco por ter feito um "buraco" na cabeça a um colega da sala e outras tantas da Dª. Camila pelo famoso "assalto" ao pomar do seu pai na Ferradosa, num dos habituais piqueniques que na altura se faziam, aos sábados salvo o erro.
Mas foi uma alegria! Guardo recordações de toda aquela "rebanhada" espalhada por ali fora em tremendas algazarras. Ah, outra coisa que agora me lembro era de que, no Inverno, enquanto aguardavamos a espera do Murraco, teriamos que ir à "lenha" (uns gravetos que por ali se apanhavam!) para nos aquecermos. E uma coisa era certa: quem não o fizesse, não se chegava ao quente, pois o dono dos fósforos nisso, era inflexível. Bons tempos!
Para não falar nas macaquices que alguns faziam com o tubo de escape do Ford amarelo do professor. Enfim, tudo passa!

Mas interessantíssimo, é a história da nossa escola. Conforme se pode ver no frontespício foi um legado feito por aquele senhor que, até se pensa que não tivesse qualquer ligação à aldeia. Felizmente, já tive a oportunidade e o privilégio de ler o seu testamento e julgo que seria algo digno de maior relevo.


3 comentários:

duarte disse...

ola companheiro seródio.
sobre o legado de manuel d'azevedo pouco sei,no entanto, ouvi falar de dois quadros que foram também legados: 1 para sta comba outro para vila flor. o nosso esteve presente no dia da inauguração, mas voltou logo de seguida,para onde tem estado há demasiado tempo: no museu de vila flor! pois património... será que não temos o direito( e o dever ) de tomar conta daquilo que é nosso? abraço do ex-cliente da lindinha.D.B.

manel zé disse...

Olá companheiro duarte,
além do direito e do dever deveríamos ter gosto e orgulho pelas nossas raízes, tu aquilo que nos pertence e ao qual nos sentimos ligados . Embora possamos argumentar sobre a falta de tempo, esse eterno carrasco, sempre poderemos ludribiar de alguma forma a nossa azáfama diária para dedicar algum sentimento ao que os nossos antecedentes nos legar. É uma obrigação para com os que vêm a seguir. Abraço do 4º andar do almada.

Nanda disse...

Relactivo a escola descobri este documento.
De entre os emigrantes brasileiros que haviam regressado com fortuna, e que por lá aprenderam a dar valor à instrução, contam-se dois: António Maria da Costa e Manuel António de Azevedo, cuja memória ainda hoje está bem viva na tradição oral das terras que receberam os seus legados.
Pelo montante destaca-se o legado de Manuel António de Azevedo, natural da aldeia de Roios, concelho de Vila Flor, falecido em 27 de Março de 1893, na cidade do Porto. Os seus testamenteiros ficaram com a obrigação de mandar construir uma escola feminina, em Vila Flor, e duas escolas, em Santa Comba da Vilariça, para no final as entregarem às respectivas juntas de paróquia42. Eram, conforme as plantas, arquivadas no IAN/TT43, construções que respeitavam as normas pedagógicas e higiénicas em vigor: espaçosas, arejadas e iluminadas.
O edifício escolar de Santa Comba da Vilariça foi construído em terreno adquirido a um particular, pelo valor de 409$400 réis. Como era destinado para os dois sexos, tinha duas salas de aulas com uma habitação para o respectivo/a professor/a, como mostra a planta apresentada de seguida:









Figura 2 – Planta da casa da escola do sexo masculino e feminino de Santa Comba da
Vilariça (1893)

As escolas, mandadas construir com o legado de António Manuel de Azevedo, tinham todas as condições para serem construções sólidas e robustas.
Prova do que acabámos de afirmar é a escola, mandada construir para os dois sexos, em Santa Comba da Vilariça, que com mais de um século de existência, ainda hoje se encontra em razoável estado de conservação, como mostra a fotografia, que reproduzimos a seguir, continuando a cumprir os desígnios da sua criação.
mento hoje.