Barragem de Santa Comba
Do vasto acervo documental que possuo sobre a nossa aldeia, nem uma única referência existe sobre a nossa barragem.
Antes de mais, e ao que julgo saber, talvez se justifique esclarecer que não se trata propriamente de uma barragem, mas antes de uma represa de água que se destinava a suster o efeito devastador das águas resultantes das trovoadas que arrasavam as hortas da Ferradosa, da Freixeda e do Feital. Prova disso, é o moinho que se encontra imediatamente a seguir, o qual, segundo a memória do meu saudoso avô, também ele foi vítima da fúria arrasadora dessas águas.
Se bem que, há já alguns anos que a barragem se encontra vedada/tapada, desde sempre possuiu na sua base, sobre o leito do ribeiro da Ferradosa, uma pequena abertura, para dessa forma controlar o fluir do seu caudal nas alturas de maiores precipitações.
Era precisamente da parte de baixo (a jusante) dessa abertura, que se formava um pequeno charco, onde a ganapada do meu tempo se deleitava a chapinhar nos dias mais quentes do verão. Para aí, convocávamos as nossas escapadelas, servindo-nos todo aquele lugar como espaço perfeito de brincadeira.
(Para a rapaziada do meu tempo de escola, ficará para sempre na nossa memória, aquele inesquecível piquenique, em que para todos, as laranjas se tornaram amargas. Eles lembram-se!)
Até que foi tapada, a barragem nunca conseguira armazenar tanta água como esta.
fotografias captadas em 24.02.2009
Agora, na sua capacidade máxima, e apesar de verter como um canastro, a nossa barragem consegue um bom armazenamento de água, o que atesta bem o caudal daquele ribeiro.
Como já o disse aqui, sempre ouvi dizer que o ribeiro da Ferradosa nunca seca. Ou muita ou pouca, é um ribeiro onde se podem encontrar sempre uns fios de água, aqui ou ali.
Não sei se só as hortas que estão logo por baixo é que usufruem da sua água para regar, ou se existe realmente um sistema de irrigação montado que sirva os outros campos de cultivo. Não sei.
Mas pela sua capacidade, e se estivesse bem vedada, a nossa barragem tornar-se-ia uma mais valia para a riqueza da nossa terra e para o desenvolvimento do vale em geral. Acho eu!
fotografias captadas em 06.04.2010
manel zé
Nota: Aviso à navegação - quem pretender visitar a barragem subindo as suas margens, prepare-se para ficar retido na sua margem esquerda mesmo junto ao paredão. É que aí, encontra-se vedada a passagem por cercas e arames. Algo que eu julgo que não devia ser permitido. Julgo eu!
"Do rio que tudo arrasta se diz que é violento, mas ninguém chama violentas às margens que o oprimem"
Bertolt Brecht
2 comentários:
Um busílis sem fim à vista...
A continuar assim, fica é com terra à vista!
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